segunda-feira, 8 de novembro de 2010

AUTORRETRATO





Desatei todos os meus nós,
quebrei as correntes que me aprisionavam,
retirei as mordaças que me impediam de falar,
matei os meus heróis e extirpei meus monstros,
abandonei os meus sonhos e assim, a ilusão.            

Procurei apagar meu retrato e percebi que
já não era possível.
Então, criei uma nova roupagem,
desconfigurada, diferente de toda normalidade
insana que existe nesse mundo.                                                    

Desfiz-me da bengala e percebi sua inutilidade,
apaguei a memória, deletei todos os arquivos,
sem receio, sem medo, me tornei um cético.
Mas não demorou muito até perceber que
o ceticismo também era uma ilusão.

Encarei todos os mistérios da vida
e percebi que não haviam mistérios,
isso fez com que a própria vida  deixasse de ser um fardo.

Libertei-me!
Sem precisar temer algo,
sem o flagelo de minha consciência,
sem a constante necessidade de me perdoar,
sem punição, pecado, crime e castigo.

Devo confessar, sou um retrato inacabado,
cuja existência precede a própria essência,
um porvir, um vindouro, um vir-a-ser,
um homem FELIZ...

                                                                 Por: Maicon J. Fortunato

2 comentários:

  1. Feliz aquele que consegue quebrar certos grilhões, abandonar certos fardos, com certeza esse viaja mais leve.

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  2. Quanta beleza num só texto
    (leve)
    de um só homem
    (estranho)
    que desfaz nós
    (complicado)
    e é feliz
    (ponto)

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