sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ateus fazem campanha para mostrar que são vítimas de preconceito

“Somos a encarnação do mal para grande parte da sociedade”, diz presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA)


Punição
Para o sociólogo americano e estudioso das religiões Phil Zuckerman o ateísmo ainda é fonte de muito preconceito. Segundo ele, ateus sofrem até mesmo perseguições. “Mesmo atualmente, em algumas nações, ser ateu é passível de punição com pena de morte. Nos Estados Unidos existe um forte estigma em ser ateu, principalmente no sul, onde a religiosidade é mais forte”, conta.

No Brasil, um país laico, a intolerância pode aparecer nas situações mais improváveis. A professora da Universidade Federal de Minas Gerais Vera Lucia Menezes de Oliveira e Paiva perdeu um filho de dois anos, atropelado. Diante do sofrimento da família no velório da criança, Vera escutou uma frase que a deixou bastante magoada. “Uma amiga me disse: ‘Quem sabe isso não aconteceu para você aprender a ter fé?’. Isso apenas reforçou minha convicção de que eu não queria acreditar em nenhum deus que pudesse levar o meu filho inocente”, revela.

Apesar de tudo, Vera afirma que não se perturba com comentários acerca de sua escolha. “Acho natural que uma pessoa religiosa queira demonstrar sua fé. Entendo e convivo com pessoas bastante religiosas sem problema algum. Só não gosto quando ficam argumentando sobre o quanto é maravilhoso acreditar em Deus. Tenho direito a ter minha crença pessoal.Ou a falta dela.”

Daniel diz que atitudes como estas, vindas de amigos e familiares, fazem com que ateus não “saiam do armário”. Ele afirma que esta expressão, usada inicialmente para descrever homossexuais que ainda não se assumiram, encaixa-se perfeitamente no momento pelo qual o ateísmo vem passando. “Estamos atrasados uns 30 anos em relação à luta contra o preconceito, se compararmos com homossexuais ou negros. Sou bastante cético, mas tenho a esperança de que possamos alcançar o mesmo patamar daqui a algumas décadas”, revela.

Exagero
Há quem veja afirmações como as dada por Daniel como exagero. O filósofo Luiz Felipe Pondé, professor da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), considera ações como as desenvolvidas pela ATEA como marketing. “O preconceito diminuiu muito, principalmente nos meios universitários e empresariais. Acho a comparação de ateus com negros e homossexuais um exagero. Tem um pouco de marketing aí.”

Pondé admite que muitas pessoas ainda têm dificuldade em enxergar a possibilidade de uma vida sem um deus. “Muitos associam moral pública à religião. Isso também é um absurdo. Pessoas matam umas as outras acreditando ou não em Deus. O que acontece é que muitos ateus ficam alardeando coisas assim, mas acho que hoje o cenário já é bem diferente”, afirma.

Apesar de não ser tão enfático, Zuckerman admite que em alguns lugares do mundo o ateísmo não é mais visto como algo depreciativo. “Em muitas sociedades, como no Canadá e na Suíça, ser ateu não tem nada de mais. A Austrália, por exemplo, tem um primeiro-ministro ateu. Cada país tem uma dinâmica diferente.”

Fonte: brturbo.com.br

terça-feira, 26 de julho de 2011

A extrema-direita venceu!

oslo
Hupsel analisa como a mídia reproduziu um discurso preconceituoso em cobertura sobre atentado na Noruega.
Há algum tempo muitos analistas vêm falando do crescimento da extrema-direita na Europa e no mundo. Eu mesmo já escrevi aqui neste espaço algumas vezes sobre o tema.
Como em todo discurso de ódio, que a caracteriza, a nova extrema-direita precisa encontrar seu inimigo. Se antes este era encarnado nos judeus apátridas, que “vagavam” pela Europa prontos a “pilhar” os recursos dos cristãos, hoje o inimigo atende pelo nome de muçulmano. São seres esquisitos, que às vezes usam uma espécie de turbante, que não acreditam no verdadeiro filho de deus, e que, algumas vezes, interpretam literalmente o que seu deus teria dito através do profeta Maomé.
Este crescimento não é nem tão novidade assim, e tem sua origem no fim do Bloco Soviético. Por um lado, os europeus “ocidentais” se viram ameaçados com aquela massa de pessoas procurando empregos, ansiosos em entrar no modo de vida capitalista. Isso levou a uma depreciação do valor do trabalho. Os novos bárbaros vinham do leste para destruir o sonho da Europa Cristã capitalista.
Por outro lado, os que viviam dentro da cortina de ferro se viram órfãos, jogados num mundo que desconheciam, e por isso temiam. Muito do movimento de completar o círculo e se voltar à extrema-direita foi feita por estes europeus do leste, numa curiosa contradição. Os ocidentais se sentiam invadidos e queriam proteção contra os invasores. Os orientais, novatos no mundo da competição, queriam o mesmo.
Em comum apenas o ódio contra aquele passageiro que chega no ônibus já cheio, cuja presença vai encher ainda mais o veículo, e que, por isso, é  visto com desconfiança pelos “nativos”. Estes, os mais recentes, são aqueles que não conseguem ser abarcados pela definição de Europa, os muçulmanos. Os ódios se juntam contra o terceiro.
Mas isso não interessa tanto. Interessa como a mídia repercutiu os atentados na Noruega na semana passada. Todos os veículos “ocidentais”, sem nenhuma exceção, correram para dizer que seriam obras de…. muçulmanos. As razões beiravam a esquizofrenia coletiva: desde a Líbia (com Kadafi relembrando os tempos da PanAm), até mesmo o Acordo de Paz de Oslo, que deveria por fim ao conflito Israel-Palestina, assinado por Yitzhak Rabin (Israel) e Yasser Arafat (OLP), mediado pelo então presidente dos EUA, Bill Clinton.
Os “especialistas”, atônitos com o ocorrido, tentaram, de toda e qualquer maneira, encaixar uma explicação qualquer que remetesse aos muçulmanos. Qualquer coisa, naquele momento, servia a eles, nos seus delírios, nas suas elucubrações. Diria eu que estavam estado de êxtase hipnótico, apontando o dedo rua afora e vendo fantasmas em todos os lugares.
Desde os primeiros momentos já estava claro, pra qualquer pessoa que tentasse entender o que se passava, que o alvo dos atentados não era a Noruega, ou mesmo o governo, mas sim um partido, uma posição política. Era claro, logo, que o atentado fora levado a cabo por razões internas.
O alvo, o modus operandi, tudo indicava solidamente pra nacionalistas noruegueses, para extrema-direita. Mas a mídia olhou, e não viu. Não quis ver.
Quando finalmente enxergou, as características “religiosas” do assassino, do terrorista norueguês, foram esquecidas. Ele tornou-se uma radical louco, um homem perturbado aos olhos dos jornais. Afinal era um de nós.
A mídia, seus intérpretes, seus analistas com doutorado em grandes universidades, especialistas em Relações Internacionais, em terrorismo, compraram acriticamente o discursos da extrema-direita do inimigo da Europa. Neste quesito, tristemente posso falar: ela venceu. Pautou a mídia, espalhou o medo do outro e, como demonstrou, conquistou mentes.
Fonte: Yahoo.com.br

domingo, 24 de julho de 2011

Europa, EUA e a agonia do capitalismo


Europa, EUA e a <br>agonia do capitalismo


Numa condição que somente se aprofunda, a Europa e os EUA preencheram o noticiário semanal, atestando a debilidade e a agonia contemporânea do capitalismo. No caso da Europa, no dia 9 de julho, a Itália se apresentou como o novo figurante da chamada "crise fiscal". Há alguns anos esse país possui altos níveis de dívida pública, acima de 100% do PIB e, hoje, está em 120%. Membro destacado do G7, tendo o terceiro maior PIB da Zona do Euro, sua economia é maior que o dobro da soma da grega, da irlandesa e da portuguesa.
Ou seja, para usar um termo recorrente em 2008, a situação da Itália encaixa-se na categoria "too big to fail" (“grande demais para falir”). Mais exatamente, seu caso seria de "too big to save" (“grande demais para salvar”) sua dívida, de cerca de 1,8 trilhão de euros, é mais que duas vezes e meia a capacidade total do fundo de resgate da União Européia e a exposição dos bancos internacionais a ela é também maior que a soma da exposição à dívida dos 3 países citados acima.
O alarme soou quando, repentinamente, as principais agências de rating dos EUA voltaram seus olhos para o país mediterrâneo e rebaixaram sua credibilidade diante dos investidores internacionais, criando grande alvoroço e lançando dúvidas sobre sua capacidade de honrar a dívida.
Segundo as agências, embora o déficit do país não seja tão grande, a Itália sofre de grandes problemas estruturais: crescimento abaixo de 1%, falta de dinamismo econômico e um "mercado de trabalho esclerosado". O governo Berlusconi teria se mostrado incapaz de realizar as reformas trabalhistas necessárias.
O ministro de finanças do país, Giulio Tremonti, rejeitou duramente a análise das agências de rating, exigindo o comparecimento de representantes da Moody's e da S&P em Roma. Descreveu tais ações como injustificadas e irresponsáveis. Além dele, Frederico Ghizzoni, chefe do banco Unicredit, afirmou furioso que graças às ações das agências sua instituição perdeu um quinto da capitalização do mercado ao final da semana. Um dos representantes da Comissão de Justiça da União Européia, Viviane Reding, exigiu o fim das atividades das três principais agências americanas, afirmando que elas atuavam como um cartel, com interesses econômicos escusos.
O fato é que depois de ter esfriado o conflito entre setores burgueses, o parlamento italiano, atuando como legítimo representante de toda a classe burguesa, aprovou seu pacote de austeridade contra a classe trabalhadora. O pacote aprovado é de 40 bilhões de euros, podendo chegar a 79 bi. O pacote consiste, substancialmente, na destruição do serviço público, com a demissão de 265 mil trabalhadores. Aqueles que restarem não escaparão aos ataques, tendo seus salários congelados por quatro anos. O pacote destruirá também o ensino público, o sistema de saúde, fechando hospitais, além do setor cultural, fechando museus, teatros e sítios arqueológicos. Os representantes do capital não poupam nem os aposentados, atacando as pensões e aumentando a idade para aposentadoria.
No restante da Europa a situação não é melhor. Os temores a respeito de grandes economias européias, como a Itália e a Espanha, crescem à medida que a situação das menores se mostra mais insustentável. No caso da Grécia, resgatada em meados de 2010 e tendo sofrido uma reestruturação de sua dívida há cerca de um mês, por incapacidade de pagamento, parece não restar saída. Sua dívida é já de 150% do PIB e seu déficit anual é de -7%, ou seja, apesar dos planos de resgate e de austeridade, sua dívida somente crescerá a cada ano, sendo obrigada a fazer novos empréstimos.
Similar é o caso da Irlanda, que na terça-feira teve sua credibilidade rebaixada ao status junk (lixo), o que contribuiu para derrocada das bolsas européias. Sua dívida é de 114% do PIB e seu déficit é de -10%. Ao que tudo indica, o país terá que passar, a médio prazo, por um segundo resgate, similar ao grego, tendo a sua dívida "reestruturada", por incapacidade de pagamento no período determinado.
Nessa situação, já se fala cada vez mais no calote como uma realidade, sobretudo no caso grego. As dúvidas seriam somente a respeito de como agir diante do calote. A União Européia se apresenta ainda mais dividida, atestando seu fracasso político e econômico. Um bloco, liderado pela Alemanha (com Áustria, Holanda, Finlândia e apoio do FMI) defende que o setor privado também deve sentir o peso da crise, ou seja, que o calote grego deve ser anunciado e parte dos bancos deve arcar com as consequências. Em contraposição estão o Banco Central Europeu, a França, a Espanha e Portugal. Independente de quem vença, um calote grego teria enormes repercussões e levaria a crise ainda mais às grandes economias européias e mundiais.
Do outro lado do atlântico, a economia do gigante EUA também apresenta sinais de debilidade. Pela primeira vez em quase um século os jornais mundiais estamparam as palavras "EUA" e "calote" numa mesma manchete. Isso poderia ocorrer caso o teto da dívida norte-americana não fosse ampliado até o dia 2 de agosto, obrigando grande parte dos seus pagamentos. Mas o calote, ainda que improvável, somente ao ser cogitado inunda de estresse todo o mercado capitalista e reanima o fantasma do colapso da economia mundial, presente desde 2008. Estaria por trás desse fato, na verdade, uma queda-de-braço entre os Democratas e os Republicanos para aprovar novas medidas de austeridade, com ataques aos sistemas de saúde e seguro social, mais uma vez lançando o peso da crise sobre as costas da classe trabalhadora.
Fonte: Mnn

sábado, 23 de julho de 2011

Somália, planeta Terra

Diante da pior crise humanitária do século 21, “comunidade internacional” permanece passiva. Globalização ficará restrita às finanças e comércio?


Por Luís F. C. Nagao
Um bilhão e seiscentos milhões de dólares é, aproximadamente, o que o orçamento fiscal dos Estados Unidos destina, a cada 24 horas, a gastos militares. Também chega a 1,6 bilhão de dólares o que Estado brasileiro oferece, todas as semana, aos mercados financeiros, na forma de juros. Por fim, 1,6 bilhão de dólares é o que a ONU reivindica, numa única prestação, para acabar com o drama humanitário na Somália e outros países do “chifre da África” – onde 12 milhões de pessoas sofrem com a seca; veem-se obrigadas a deixar suas terras; vivem, vegetam ou morrem em campos de refugiados superlotados e desumanos. Mas os somalis, ao contrário da indústria de armamentos norte-americana ou do sistema financeiro brasileiro, não fazem lobby, nem têm voz na mídia. Por isso, o padrão de globalização sob o qual vivemos nega-lhes os recursos que não faltam nem ao complexo industrial-militar norte-americano, nem aos banqueiros do Brasil.
Distante dos jornais, a tragédia da Somália foi prevista, desde o final do ano passado, pelaHelpAge e outras organizações internacionais. Sua causa aparente é a seca. Há três anos, chove muito pouco no chamado “chifre da África” – a região equatorial localizada no extremo leste do continente, às margens do Mar Vermelho e do Oceano Índico, a um passo da Península Arábica. Etiópia, Djibouti e Eritreia também sofrem com a seca – mas a combalida Somália, onde desde 1991 alternam-se guerras civis e colapso completo do Estado, é a mais atingida.
Seus pouco menos de 10 milhões de habitantes, tradicionalmente nômades e islâmicos em maioria, começaram a mudar para as áreas urbanas apenas no século 20. Organizam-se em clãs patriarcais no país. Cultivam bananas, cana e milho. São pastores, criadores de camelos e pescadores.
Com a seca, o gado está morrendo e muitas famílias estão perdendo tudo. A falta de renda e alta mundial dos preços da comida as deixam sem alternativas. Desesperadas, as famílias são obrigadas a fugir. Os 12 milhões que necessitam de ajuda incluem somalis e seus vizinhos. As taxas de subnutrição chegam a 30% em algumas áreas. Uma em cada três crianças sofre do mal.
Os refugiados que permanecem no país buscam comida e dinheiro. Dirigem-se aos campos de refugiados da capital, Mogadíscio. Muitos rumam ao Quênia e Etiópia. Diariamente, 3 mil somalianos deixam seu país. Procuram Dolo Ado (Etiópia), onde há 110 mil somalianos, e a cidade de Dadaab, no Quênia. Lá, já há três campos: Hagadera, Ifo e Dagahaley. Reúnem 380 mil pessoas – quatro vezes mais do que comportariam.
A precariedade é completa. Os recém-chegados ficam nos arredores e podem ter que esperar até 40 dias para receber os primeiros alimentos. A água é escassa: 3 a 5 litros diários por pessoa, contra um consumo de 150, na Europa. A assistência básica não é garantida pelas ONGs. Há graves casos de má nutrição, diarréias e infecções respiratórias são constantes. As mortes ocorrem em geral por hipotermia e hipoglicemia. Numa noite chegou a haver 40 óbitos.
Do 1,6 bilhão de dólares necessário, segundo as Nações Unidas, para enfrentar o drama, menos da metade foi reunida. Por meio da Usaid, os EUA doarão apenas 19 mil toneladas de comida, migalha equivalente a US$ 21 milhões. O governo brasileiro doou três vezes mais, mas ainda assim poquíssimo. Em 6 de julho, a Comissão Europeia enviou US$ 8 milhões para fundos de emergência.
A pior seca é a de ideias. A mídia, que se interessa crescentemente pelas imagens dos refugiados, não indaga por que se morre de fome no século 21? Se a seca estava prevista, por que ninguém deflagrou uma campanha mundial de apoio aos somalis?
Também em relação às tragédias, parece haver dois pesos e duas medidas. Fukushima, no Japão, teve enorme visibilidade e despertou rapidamente campanhas internacionais. Muito mais graves, os desastre humanitários africanos permanecem esquecidos. É como se implicitamente fosse aceito que essa é a natureza da África.

domingo, 17 de julho de 2011

A reforma política começa pela mídia



Fala-se muito em reforma política, mas nenhuma reforma política é mais fundamental do que a democratização da mídia. Esta a grande reforma que o país aguarda há décadas. Governos mudam, regimes mudam, séculos mudam, mas o mesmo regime excludente e oligárquico prevalece nas comunicações brasileiras. Aqui, sequer o capitalismo liberal chegou. É um oligopólio de empresas familiares. Partilham entre si as concessões de TV e rádio, de norte a sul, por meio de suas filiais e retransmissoras. E ainda controlam simultaneamente jornais, revistas, editoras, produtoras de filmes e teatro.
Esses grandes grupos se vendem como imparciais e neutros, mas estão entranhados na política nacional e global, com posições conservadoras. Apoiaram a ditadura cívico-militar e agora se opõem à busca pela verdade histórica (que os desmascara). Colocam-se como paladinos da liberdade de expressão, mas são os primeiros a censurar vozes discordantes e despedir funcionários incômodos. Apresentam-se como sacerdotes da ética pública, mas as suas campanhas moralizantes não passam de instrumentos de chantagem e intimidação. Dizem-se praticantes do bom jornalismo, mas isto só significa certa forma vertical e elitizante de produzir e circular verdade e legitimidade. A opinião pública está contra o povo.
Um regime democrático não se concretiza quando toda a mídia for estatal, mas quando todos formos mídia. Quando for concedida voz aos sem-voz. Quando uma multidão de verdades e narrativas ocupar e disputar o espaço público. Mais vital à democracia que a tal “reforma política”, como vem se apresentando, é pôr em movimento um processo de empoderamento midiático de todos os cidadãos. Sem intermediário$ ou usurpadores da opinião pública, afirmar condições materiais para exercício do direito à expressão e construção coletiva e compartilhamento. Nessa luta, o estado não é o guardião da comunicação democrática, mas o seu maior inimigo. Não basta construir uma “TV pública” e muito menos fortalecer a TV dos bispos.
Mas para não cair na abstração, é preciso reconhecer que a voz nunca será concedidaaos sem-voz. É preciso conquistar a polifonia, contra o coro da grande imprensa. Não está em jogo uma luta pela verdade, mas pelo regime de produção de verdades. A história da imprensa brasileira é a história de sua concentração e elitização. As forças democráticas foram derrotadas em praticamente todas as tentativas de desconstituir o oligopólio. E já estamos perdendo de novo. Nos últimos dez anos, foi perdida a batalha pela TV digital, por outro marco regulatório das comunicações. E estão sendo perdidas as batalhas por um Brasil banda larga, pelo compartilhamento de conteúdos, pela multiplicação de pontos de cultura e mídia livres.


Fonte: outraspalavras.com.br

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Debate na Flip contrapõe ceticismo filosófico com ciência

O humano além do humano. Para o neurocientista Miguel Nicolelis, uma possibilidade. Para o filósofo Luiz Felipe Pondé, um risco. A última mesa da quinta-feira (dia 7) da Flip 2011 teve duas performances inspiradas e um público pronto a responder com palmas ou risadas às muitas frases de impacto.
Foto: Divulgação
O neurocientista Miguel Nicolelis na Flip 2011
Performances enriquecidas pela oposição entre o ceticismo radical de Pondé – "o que caracteriza o ser humano é o sofrimento" – e a crença no poder da ciência de Nicolelis – "estamos próximos do instante em que o cérebro primata vai se libertar dos limites físicos do corpo". Ponto para a curadoria, que além de acertar na escolha dos nomes, reservou o horário mais nobre do dia para o encontro.
Nicolelis começou sua apresentação – cheia de recursos audiovisuais – descrevendo o cérebro como "prisioneiro desse corpo de primata que tem ações limitadas" e suas pesquisam que buscam tornar o cérebro capaz de comandar máquinas robóticas.
Proeza que pode significar a recuperação dos movimentos para pacientes com lesão medular. A meta, afirmou, é fazer a primeira demonstração pública de uma prótese de corpo inteiro, comandada por uma criança paraplégica, na Copa de 2014 – "um gol da ciência brasileira".
A voz embargada e o conteúdo do anúncio – em tom de promessa – fizeram o público entusiasmar-se. Não à toa, a ótima mediadora, a jornalista Laura Greenhalgh, em sua próxima intervenção, questionou-o sobre o uso que faz de imagens religiosas para explicar conceitos científicos. Nicolelis defendeu o uso, por conta de sua eficácia na transmissão de conhecimentos complexos para leigos.
Ciência versus religião
O que para Nicolelis conduz a uma vida melhor, para Pondé significa um perigo. A necessidade do ser humano de ir além de si mesmo, explicou o professor de ciências da religião, casa-se com os projetos de uma engenharia político-social que, em última instância, tem muito a ver com eugenia.
Baseado no pensamento do filósofo alemão contemporâneo Peter Sloterdijk de que a eugenia – na forma da busca contínua do ser humano de se superar e diminuir seu sofrimento – está no cerne do pensamento científico e filosófico ocidental, Pondé alertou: "os cérebros podem ser enormes máquinas de produção de crenças monstruosas".
Em algo, no entanto, o cético e o otimista concordam: a ciência nunca será capaz de criar máquinas com consciência humana.

Fonte: brturbo.com.br

domingo, 3 de julho de 2011

A VIDA DE DAVID GALE

CONTEÚDO DIDÁTICO: FILOSOFIA, POLÍTICA E SOCIOLOGIA
TEMÁTICA: PENA DE MORTE

Dados do Arquivo:
País de Origem:  Alemanha, EUA
Gênero Policial/Drama
Tempo de Duração: 130 minutos
Ano de Lançamento:  2003
Formato: Avi
Qualidade: DVD.Rip
Áudio: Português
Legenda: S/L
Direção: Alan Parker
Elenco:  Kevin Spacey, Kate Winslet, Laura Linney, Gabriel Mann.


ASSISTA AO TRAILER

SINOPSE:
O filme A vida de David Gale se apresenta por meio de um intelectual professor de Filosofia que é acusado de estrupar sua ex-aluna; logo em seguida sua amiga é morta e David é acusao de sua morte, tendo assim como sentença a pena morte, no entanto, quatro dias antes de sua execução, o professor de Filosofia solicita as autoridades do presídio de segurança máxima a presença de uma jornalista, pois seu objetivo é lhe apresentar a verdade dos fatos, pois, David Gale tem por objetivo mostrar a sua inocência, não apenas para a sociedade, mas sobretudo, para o seu filho que lhe haviam tirado em decorrência dessa acuação. David Gale narra a sua vida antes da acusação do estrupo, pois, ao narrar uma aula que apresentava aos seus alunos, ele abordava a Filosofa de Lacan que tinha como principio a busca pelo objeto desejado. Nessa aula ele argumentava que o ser humano tinha como fonte de sua vida um objeto a ser alcançado, ou seja, a vida do ser humano só tem sentido por meio desse desejo que está colocada no ser humano como estimulo para alcançar o objeto desejado. Ao traçar um paralelo com o atual pensamento lacaniano com a vida de David Gale podemos perceber que o objeto que o intelectual busca pro meio do desejo de apresentar as verdades dos fatos para a famosa jornalista, é a de provar a inocência perante a sociedade.

Ao analisar os fatos colocados por David Gale, podemos perceber que a um constante trabalho da jornalista para inocentar o professor de Filosofia, no entanto, o tempo se colocava de forma escassa, pois, se tinha apenas quatro dias para a execução. Diante dessa dificuldade, a jornalista mesmo tendo as provas de que o estrupo tinha sido forjado por determinadas pessoas que queriam vê a decadência de David Gale, pois, o intelectual incomodava pela forma crítica de pensar. Diante da frustração de não conseguir impedir a morte de Gale, a jornalista se sente culpado, no entanto, David tinha seu objetivo bem traçado e planejado. Essa determinação de provar a sua inocência podemos perceber após a sua morte que mesmo, senso morto ele consegue antes de ser executado fazer um pedido que consistia em entregar um vídeo que tinha os conteúdos que provava a armação do estrupo.

Podemos perceber o nítido pensamento de Lacan aplicado na vida do professor de Filosofia, que apesar das perseguições políticas que tinha por parte do governo e de outras pessoas que queriam vê sua vida destruída, não deixou se intimida, buscando assim o desejo de sua inocência até depois da morte. E comprovar que existem erros no sistema


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CONTEÚDO RELACIONADO

O NOME DA ROSA

CONTEÚDO DIDÁTICO: FILOSOFIA, RELIGIÃO, HISTÓRIA E SOCIOLOGIA -
FILOSOFIA: NOMINALISMO, A POÉTICA DE ARISTÓTELES A FILOSOFIA MEDIEVAL. HISTÓRIA: IDADE MÉDIA, INDEX (LIVROS PROIBIDOS).

Dados do Arquivo:
País de Origem:  Alemanha, França e Itália
Gênero:  Suspense/Drama
Tempo de Duração: 130 minutos
Ano de Lançamento:  1986
Formato: Avi
Qualidade: DVD.Rip
Áudio: Inglês
Legenda: Português
Direção: Jean-Jacques Annaud
Elenco 
Sean Connery, Christian Slater, Helmut Qualtinger, Elya Baskin

ASSISTA AO TRAILER


SINOPSE:
Passado numa abadia italiana em 1327, O Nome da Rosa decorre durante ‘o cativeiro Babilônico’, um período de 70 anos durante o qual os papas eram franceses e a Santa Sé foi transferida de Roma para Avignon. Neste tempo de imenso rebuliço, as ordens monásticas competiam por influência temporal e espiritual. Algumas ordens foram declaradas como heréticas e os julgamentos eclesiásticos por heresia reflectiam a luta pelo poder e os conflitos filosóficos muito reais. Os imperadores italiano, francês e alemão competiam pela dominação política e as relações muitas vezes hostis no seio do papado, ordens religiosas e vários imperadores faziam da vida monástica uma vida pouco tranquila. Quando William de Baskerville é enviado a uma abadia para investigar acusações de heresia, ele e um noviço, que é o narrador da história, devem também investigar uma série de assassinatos, um por dia durante a semana em que William está presente. William acredita que estes assassinatos estão relacionados com as filosofias ‘heréticas’ e práticas religiosas escondidas às quais alguns monges estão apaixonadamente dedicados. Alguns destes usualmente pios monges ganharam ao longo dos anos o controle da vasta biblioteca da abadia, e assim controlavam o acesso ao conhecimento. A biblioteca, construída como um labirinto com os livros organizados segundo um plano secreto, está fora de limites para William. Acreditando que as mortes na abadia estão de algum modo relacionadas com heresias e com livros misteriosos escondidos na biblioteca, William tem de investigar secretamente, sendo a sua investigação simultaneamente filosófica bem como uma procura pelo assassino ou assassinos. Eco cria um mistério extraordinariamente complexo e excitante que serve de moldura a um retrato profundo da vida monástica no século XIV. A sua habilidade na criação da atmosfera e das duas personagens de William e do seu noviço permitem ao leitor um vislumbre do que a vida monástica deve ter sido há cerca de 700 anos. Todos os conflitos europeus do período vêm à tona e o leitor sente o seu efeito esmagador sobre a vida quotidiana dos homens dedicados à igreja mas lutando com assuntos privados de pecado e culpa.



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CONTEÚDO RELACIONADO


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