sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Humanos: pequeno ponto no universo


Neste pequeno ponto do universo estamos nós!
Agora, imagine que você esteja olhando para o ponto por qualquer período de tempo. E então, tente convencer a si mesmo que Deus criou todo o universo para UMA das cerca de 10 milhões de espécie de vida que habitam naquele grão de poeira. Agora, de um passo adiante e imagine que tudo fora feito para uma mera PARCELA daquela espécie escolhida, seja pelo gênero, etnia ou se preferir para um grupo religioso específico.
Isso não lhe parece improvável?


De um giro e escolha outro ponto, imagine que ele também seja habitado pela mesma forma de vida inteligente, avance um pouco mais, agora veja, eles igualmente gostam de uma noção de Deus que criou tudo para o benefício de seu pequeno grupo, todavia, por mais semelhante que seja essa concepção com aquela vista no ponto anterior, o criador destes últimos exclui a possibilidade de qualquer outro Deus.
Paremos um pouquinho e pensemos:
O quão sério podemos tomar as alegações desses grupos?


"Considere novamente esse ponto. É aqui. É nosso lar. Somos nós. Nele, todos que você ama, todos que você conhece, todos de quem você já ouviu falar, todo ser humano que já existiu, viveram suas vidas. A totalidade de nossas alegrias e sofrimentos, milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas, cada caçador e saqueador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor da civilização, cada rei e plebeu, cada casal apaixonado, cada mãe e pai, cada crianças esperançosas, inventores e exploradores, cada educador, cada político corrupto, cada "superstar", cada "lidere supremo", cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu ali, em um grão de poeira suspenso em um raio de sol".


Este pequeno ponto demonstra nossa pequenez, a insignificante fração de existência que somos para o universo. E dele percebemos o quão medíocres fomos e somos ao impor nossas "verdades", nossas crenças e ceticismos, nossa pretensa forma de viver sob o signo do status social.
Este pequeno ponto revela a urgência de revermos nossos valores e impormos  um sentido mais digno para a própria existência.


Adaptado e modificado por Maicon Fortunato

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O respiro da democracia "participativa" e a emenda de iniciativa popular - Maicon José Fortunato

"Não há melhor governo do que aquele em que as leis e as instituições emanam do povo, pois este será seu sustentáculo e dele proverá as decisões mais sábias" - Maicon Fortunato

        Sem dúvida, uma das maiores questões políticas atuais seja aquela que envolva o próprio sentido da democracia. Num mundo político onde a representação torna-se cada vez mais apática, o perigo constante das "ditaduras de massa" aparecem como um risco iminente. O apelo a participação popular não deve limitar-se a simples escolha do representante político, nem muito menos, ao consenso da maioria. Essa forma de se fazer política já fora criticada pelos filósofos da antiguidade que viam nesse tipo de regime um caminho para a corrupção e para a própria tirania. E se reportarmos para a história, a mestre da vida, veremos inúmeros exemplos recentes que revelam a pertinência de nossa preocupação, por exemplo, o regime nazista. A aprovação do nazismo pelos alemães nos levam a pensar as motivações que induziram um povo inteiro a aceitação de uma ideologia racista e repressiva como aquela.
         Com isso, não queremos concluir que o povo não saiba julgar ou mesmo escolher o que é melhor para si. Ao contrário,  queremos apenas apontar para a falácia dos discursos políticos atuais que se repousam num ideal democrático  que mais se assemelha com a ditadura da maioria. O fato é que, o erro não está no povo e sim, nas formas políticas de participação da vida social. Os mecanismos que aproximam a sociedade da política são insuficientes e não requerem mais do que, a decisão na escolha por um sim ou por um não. E isto reduz a participação e, por conseguinte, o poder de decisão de uma nação, que se torna vítima de um sistema que de forma manipuladora, os fazem assinar a própria sentença, como ocorrera na Alemanha.
     Por isso, a melhor maneira de se fazer a democracia está na iniciativa de politização da sociedade, pois somente uma sociedade educada politicamente é capaz de guardar a liberdade por um número infindável de gerações. E creio que, não há forma mais correta para realizar tamanha mudança do que aquela empregada pela própria educação. A educação é a libertação, a emancipação de um povo. Contudo, tornar uma sociedade crítica e politizada requer maiores mobilizações. Implica em construir "ESPAÇOS" públicos capazes de dar vazão às inquietações do povo. Ambientes estes que ao aproximar o indivíduo da política cria um laço de pertencimento e identidade deste para com a vida pública.
         E foi pensando exatamente nesses espaços de mobilizações que me entusiasmei com o projeto político que previa a partir da lei orçamentária anual a aprovação de uma emenda de iniciativa popular. O projeto se pauta na viabilização de recursos extras para municípios com até 50 mil habitantes e embora, os ânimos estejam voltados para o valor que será destinado aos municípios e a forma como este será empregado, considero de maior importância, o papel e o resgate político que a proposto desta emenda prevê. 
              De fato, ao propor que a população elabore o projeto e defina em qual setor o recurso deverá ser aplicado, a emenda permite que um debate político entre integrantes do governo e a comunidade seja realizado. E por meio deste debate, elementos como a arguição, o uso da retórica, a troca de ideias e opiniões (disposições fundamentais para a democracia) possam florescer e enriquecer o cenário que constitui o mundo político. 
        Quem sabe num futuro próximo, atitudes políticas como esta possa surgir com maior intensidade e faça ressurgir uma série de questões que estão abandonadas ou secundarizadas, tais como o resgate à vida pública, os valores cívicos, a liberdade e a participação nos negócios da cidade.
         Enfim, a emenda de iniciativa popular aparece num momento oportuno, recobra valores necessários e possibilita o "respiro" da democracia participativa. 

Maicon J. Fortunato -  Mestrando em filosofia política pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

FELICIDADE

Não sei por que tô tão feliz
Não há motivo algum pra ter tanta felicidade
Não sei o que que foi que eu fiz
Se eu fui perdendo o senso de realidade
Um sentimento indefinido foi me tomando ao cair da tarde
Infelizmente era felicidade
Claro que é muito gostoso, claro
Mas claro que eu não acredito
Felicidade assim sem mais nem menos é muito esquisito
Não sei por que to tão feliz
Preciso refletir um pouco e sair do barato
Não posso continuar assim feliz como se fosse um sentimento inato
Sem ter o menor motivo
Sem uma razão de fato
Ser feliz assim é meio chato
E as coisas nem vão muito bem
Eu perdi um dinheiro que eu tinha guardado
E pra completar depois disso
Eu fui despedido e to desempregado
Amor que sempre foi meu forte
Não tenho tido muita sorte
Estou sozinho e sem saída
Sem dinheiro e sem comida e feliz da vida
Não sei por que tô tão feliz
Vai ver que é pra esconder no fundo uma infelicidade
Pensei que fosse por aí
Fiz todas as terapias que tem na cidade
A conclusão veio depressa
E sem nenhuma novidade
O meu problema era felicidade
Não fiquei desesperado, não
Fui até bem razoável
Felicidade quando é no começo ainda é controlável
Não sei o que é que foi que eu fiz
Pra merecer estar radiante de felicidade
Mais fácil ver o que eu não fiz
Fiz muito pouca coisa aqui pra minha idade
Não me dediquei a nada
Tudo eu fiz pela metade
Por que então tanta felicidade?
E dizem que eu só penso em mim
Que sou muito centrado, que sou egoísta
Tem gente que põe meus defeitos em ordem alfabética e faz uma lista
Por isso não se justifica tanto privilégio de felicidade
Independente dos deslizes, dentre todos os felizes sou o mais feliz
Não sei por que eu tô tão feliz
E já nem sei se é necessário ter um bom motivo
A busca por uma razão me deu dor de cabeça, acabou comigo
Enfim eu já tentei de tudo
Enfim eu quis ser conseqüente
Mas desisti vou ser feliz pra sempre
Peço a todos com licença
Vamos liberar o pedaço
Felicidade assim desse tamanho só com muito espaço
Peço a todos com licença
Vamos liberar o pedaço
Felicidade assim desse tamanho só com muito espaço
Composição: Luiz Tatit 

sábado, 19 de novembro de 2011

Contos estapafúrdios I - Thaumazein


         As boas ideias quase não me acompanham, quando me aproprio de algumas sequer consigo expressá-las. Não sou um bom escritor, não levo jeito pra coisa. Mas me atrevo a escrever, a falar de coisas das quais não possuo, no mais íntimo, nenhum interesse. Escrevo como tomo café, por isso, não me tomo pelas minhas próprias ideias, nem estou convencido de suas verdades. Então, não me cobre aquilo que não estou disposto a fazer, não me amole. Eu continuarei a tomar meu café.
       E pensando nisso, chego a conclusão de que inexiste em meus escritos um suposto engajamento. Não sou ativista, não proponho caminhos, nem propago verdades. Me assumo assim, indiferente!
       Por isso, até hoje não fui tomado pelo espanto, sem dúvida, ainda aguardo meu thaumazein. Minha experiência filosófica, meu estupro intelectual!
     Assim me constituo, num constante esvaziamento de rótulos, numa fuga sempiterna de tendências e movimentos, num completo vir-a-ser.
        Do mais, amarro os cadarços de meu sapato, encerro minha dissecação. As ideias já me perturbam e o café me causa náusea.
                                                                                                        Por: Carnéades 

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O grande ditador

      

      Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio… negros… brancos.
    Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
    O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens… levantou no mundo as muralhas do ódio… e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos cínicos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
      A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem… um apelo à fraternidade universal… à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora… milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas… vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia… da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
     Soldados! Não vos entregueis a esses brutais… que vos desprezam… que vos escravizam… que arregimentam as vossas vidas… que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar… os que não se fazem amar e os inumanos!
     Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela… de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo… um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
      É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, vamos todos nos unir!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Seriado: The Walking Dead





Descrição:

The Walking Dead é centrada em Rick Grimes, um oficial de polícia da pequena cidade de Cynthiana, no estado do Kentucky, sua família e uma série de outros sobreviventes que se uniram para manterem-se vivos depois que o mundo foi infestado por zumbis. Com o progresso da série, as personagens tornam-se mais desenvolvidas e suas personalidades são demonstradas sob a tensão de um apocalipse zumbi, especialmente a de Rick.
No início da série, Rick e seu parceiro Shane participam de um tiroteio e Rick é baleado, entrando em coma. Ao acordar em um hospital, ele descobre que os mortos-vivos estão no edifício e na cidade. Rick retorna para casa e vê que sua família não está lá, ao vagar pela rua encontra Morgan e Duane Jones, que lhe explicam tudo o que está acontecendo a volta de Rick. Então logo Rick decide ir para Atlanta, onde o governo orientou as pessoas a se dirigirem enquanto resolvia o problema, para encontrar sua esposa Lori e seu filho Carl. Ele então descobre que Atlanta está repleta de zumbis e esbarra em Glenn, um entregador de pizzas que faz parte de um bando de sobreviventes.
Seguindo Glenn, Rick descobre que Lori e Carl estão bem juntamente com Shane, que fica cada vez menos feliz com o retorno do seu parceiro. Ele também conhece novos sobreviventes. O grupo procura por um lugar para chamar de lar, estabelecendo-se em vários acampamentos temporários, incluindo uma prisão, que chama a atenção de um homem louco que se autodenomina o Governador. O Governador administra a sua pequena comunidade de sobreviventes chamada Woodbury como um ditador e tortura Rick e outros membros de seu grupo, culminando em um grande ataque contra a prisão. Vários dos principais personagens morrem na batalha, incluindo o próprio Governador. Após a prisão deixar de ser um lugar seguro devido ao ataque, Rick e os membros sobreviventes seguem para Washington em uma tentativa de achar a cura para a infecção, acabam encontrando canibais no caminho e uma cidadezinha fechada e segura, mas que esconde um segredo!
Elenco: Rick Grimes (Andrew Lincoln), Chandler Riggs (Carl), Steven Yeun (Glenn), Sarah Wayne Callies (Lori Grimes), Jeffrey DeMunn (Dale), Jon Bernthal (Shane), Laurie Holden (Andrea), Michael Rooker (Merle), Linds Edwards (Leon Basset) e Jim Coleman (Lambert “Lam” Kendel).
“The Walking Dead” a série de televisão da AMC The Walking Dead, que adapta a HQ Os Mortos-Vivos.


Assistir The Walking Dead Primeira Temporada Completa Legendado – Episódios ON – ASSISTIR NO VIDEOBB

Assistir Episódio 01 – Days Gone Bye
Assistir Episódio 02 – Guts
Assistir Episódio 03 – Tell It to the Frogs
Assistir Episódio 04 – Vatos
Assistir Episódio 05 – Wildfire
Assistir Episódio 06 – TS-19

Assistir The Walking Dead Primeira Temporada Completa DUBLADO – Episódios ON – ASSISTIR NO VIDEOBB


Assistir Episódio 01 – Days Gone Bye
Assistir Episódio 02 – Guts
Assistir Episódio 03 – Tell It to the Frogs
Assistir Episódio 04 – Vatos
Assistir Episódio 05 – Wildfire
Assistir Episódio 06 – TS-19


Assistir The Walking Dead Segunda Temporada DUBLADO – Em Exibição – Episódios ON – ASSISTIR NO VIDEOBB


Assistir – Episódio 01 – DUBLADO – PREMIERE
Assistir – Episódio 02 – DUBLADO

Assistir The Walking Dead Segunda Temporada Legendado – Em Exibição – Episódios ON – ASSISTIR NO VIDEOBB

Assistir – Episódio 01 – PREMIERE
Assistir – Episódio 02
Assistir – Episódio 03

Episódio 04 – Cherokee Rose – ESTREIA 06 de Novembro de 2011

Fonte: 

http://www.armagedomfilmes.biz/

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Lembranças intermitentes de um passado que não vivi



Se tivéssemos tido tempo
e se o tempo tivesse permitido,
talvez teria sido diferente e
quem sabe, especial.


Se tivéssemos apostados nossas fichas,
arriscado sem medo,
teríamos o que dizer, o que pensar, o que julgar.


Se a noite não fosse interrompida,
se a fortuna não conspirasse contra nós,
se não houvessem nós, laços que nos atam,
poderíamos ter nos permitido.
Mas construímos castelos e os preenchemos de coisas e pessoas
e tudo que já não havia se desfez.


Se tivéssemos tido, em algum momento, ao menos uma chance,
seríamos dois. 
Seríamos?
              
                                                           Maicon J. Fortunato 

domingo, 2 de outubro de 2011

Sobre meu suposto espírito renascentista


O ESPANTO

Das manhãs de minha infância o meu thaumazein filosófico.
Desde a inocência atravessado pelas inquietações de minha imaginação, fui levado ainda menino a mais profunda reflexão existencial.
Um espírito eminentemente inovador, jamais entorpecido pelo seu tempo.
Renascentista a priori, romancista, republicano, Victoriano.
Feri com um único golpe o presente expondo suas vísceras, um buraco por onde jorra o futuro de uma sociedade em si decadente.
Sou como uma dinamite, prestes a demolir todos os edifícios até então, construídos. Minha filosofia se faz com "golpes de martelo", um hedonista.

Por mais incrédulo que fosse, aprendi a ter fé na humanidade,
compreendi que não há nada maior que a honestidade e que acima da própria honra está a hombridade. 

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Limites políticos e a burrocracia jurídica - Maicon José Fortunato


        Está mais do que certo que a política, em especial a brasileira, encontra-se num emaranhado de gato no que se refere à sua relação com a esfera jurídica. Tal relação é tão problemática que a própria política corre o risco de se subtrair e se esvaziar (em conteúdo e sentido) em nome do aparato legal forjado pelo então, estado de direito.
      Embora o ideal de racionalização e otimização esteja presente nas estruturas que fundamentam o estado moderno, a outra face da moeda revela que todo esse processo não resulta em um bom andamento do poder público, ao contrário, tais mecanismos parecem forjar empecilhos e barreiras que impossibilitam a efetivação de medidas e políticas indispensáveis para saúde dos estados.
      Weber foi genial no que tange à leitura e compreensão dos elementos que compõem as bases da política e do estado na modernidade. Todavia, seu apreço pela normatização da lógica que compõe a política e pela burocracia enquanto um componente que visaria a estabilidade do governo e da economia, não o teria permitido enxergar os vícios e as maleficências oriundas desse mesmo termo.
      A burocracia, ao contrário do que pensara Weber, tornou o estado mais obscuro e complexo. Além disso, engessou a política de tal forma que esta passou a ser sinônimo de administração, limitando-se inevitavelmente a um conjunto de fatores jurídicos. Tais consequências tem gerado um atraso no desenvolvimento dos estados, bem como, na formação de uma consciência política (politização) da sociedade civil. 
       Além disso, essa imposição jurídica tem produzido uma negativização da ação política, e isso parece ser facilmente evidenciado nos debates atuais que se fazem no campo político. Ora, se entendermos a política como o espaço de criação (coletiva) da polis, isto é, do universo público, perceberemos o quanto esse sentido fora corrompido. A verdade é que, as propostas políticas se chocam com uma constituição arcaica e obsoleta, além disso, não se discute mais os fundamentos políticos da república brasileira, se faz, quando planejam, algumas reformas que mais são notas anexadas as leis já existentes do que propostas políticas consistentes. Em síntese, o espaço criativo e de construção da polis foi substituído por uma razão jurídica, mecânica e calculista. 
       No campo da micropolítica, outros fatores também nos assombram, é o caso das pequenas cidades em que a política se tornou tão secundarizada que deixou de existir em detrimento da legalidade, evidenciamos esse exemplo no poder político de Nova Londrina que, sabe-se lá por que, vem registrando uma "cascata de processos" contra todos aqueles que se manifestam contrários à suas convicções. O fato do executivo manipular o poder judiciário em nome de sua reputação/gestão, não representa somente o monopólio do poder, mas acima de tudo, revela a eliminação por completo da própria política, que sufocada pela coerção não pode mais ser objeto de manifestação da sociedade civil. 
       Enfim, assistimos passivamente a inversão dos valores e da ordem política, porém precisamos urgentemente desfazer esse erro, afinal, é a política legítima que impõe a lei e não a lei legitimada  que impõe a política. Além do mais, é indispensável o fato de termos que repensar a própria função da política. Caso contrário, ficaremos a mercê da vontade dos poderosos que com a máquina estatal nas mãos, agem em prol de seus próprios interesses. Sejamos capazes de repensar tudo isso e de "vigiar" com diligência, para que no futuro tenhamos garantido o direito à liberdade e a manifestação pública que em si, compõe a essência da política.
                                                                                                                   Por: Maicon Fortunato.






Deixo a disposição um artigo interessante sobre o assunto: http://www.fflch.usp.br/df/cefp/Cefp17/neto.pdf

domingo, 25 de setembro de 2011

O custo intangível do fracasso europeu



Junto com trilhões de euros, desaparecerá o projeto coletivo de um continente que foi decisivo para criação dos estados nacionais e do capitalismo
Por José Luís Fiori
“Se fosse possível hierarquizar sonhos, a criação da União Européia

estaria entre os mais importantes do século XX.
Depois de um milênio de guerras contínuas, os estados europeus decidiram
abrir mão de suas soberanias nacionais, para criar uma comunidade econômica e política,
inclusiva, pacífica, harmoniosa, sem fronteiras, sem discriminações e sem hegemonias.
Um verdadeiro milagre, para um continente que se transformou no centro do mundo,
graças à sua capacidade de se expandir e dominar os outros povos,
de forma quase sempre violenta, e muitas vezes predatória.”

José Luís Fiori: “Os sinos estão dobrando”,
Os sinais de desagregação são cada vez maiores e freqüentes, e já não cabe duvida que o processo de “unificação européia” entrou num beco sem saída. É quase certo o calote da dívida grega, e é cada vez mais provável a ruptura da zona do euro, que teria um efeito em cadeia, de grandes proporções, dentro e fora do Velho Continente. Ao mesmo tempo, a vitória da França e da Inglaterra, na Líbia, aumentou a divisão e aprofundou o cisma alemão dentro da OTAN. Por outro lado, os governos conservadores europeus estão em queda livre, e sua alternativa social-democrata não tem mais nenhuma identidade ideológica. Os intelectuais batem cabeça e a juventude busca novos caminhos um pouco sem rumo. O próprio ideal da unificação européia tem cada vez menos força, entre as elites, e dentro de sociedades em que se dissemina a violência e a xenofobia. Parece iminente o fracasso europeu.
Em tudo isto, chama a atenção que o avanço da catástrofe anunciada venha sendo acompanhado por uma consciência cada vez mais nítida e consensual a respeito das causas últimas, econômicas e políticas, da própria impotência européia. Do lado econômico, todos reconhecem a falta de um Tesouro europeu com capacidade unificada de tributar e emitir dívidas, junto com um BC capaz de atuar como emprestador de última instancia, em todos os mercados, garantindo a liquidez dos atuais títulos soberanos nacionais que deveriam ser extintos e substituídos por um único título publico unificado, para toda a zona do euro. E quase todos já reconhecem a impossibilidade de uma moeda soberana e de um BC eficaz, sem um estado que lhes dê credibilidade e poder real de ação, em particular nas situações de crise. Uma posição que só poderia ser cumprida, neste momento, pela Alemanha, que não quer ou não pode fazê-lo, ou por um estado central que ninguém aceita.
Da mesma forma, pelo lado político, o aumento da fragilidade e da fragmentação da Europa, vem sendo atribuído pelos analistas, de forma quase consensual, ao fim da Guerra Fria e à unificação da Alemanha, junto com o aumento descontrolado da UE e da OTAN, que passaram da condição de projetos defensivos, para a condição de instrumentos de conquista territorial e expansão da influencia militar e econômica do ocidente, dentro da Europa do Leste, e já agora, também, na Ásia Central e no Norte da África. O alargamento em todas as direções, da UE e da OTAN, aumentou suas desigualdades sociais e nacionais, e reduziu o grau de homogeneidade, identidade e solidariedade que existia no início do processo de integração, quando ele era tutelado pelos EUA, e tinha um inimigo comum, a URSS.
Agora bem, quando os analistas da crise européia se dedicam a traçar cenários futuros, quase todos calculam o tamanho da desgraça em termos estritamente econômicos, em bilhões e trilhões de euros. E pouco se fala dos custos intangíveis do fracasso europeu no campo das idéias, dos valores e dos grandes sonhos e símbolos que movem a humanidade. Um verdadeiro impacto atômico sobre duas pilastras fundamentais do pensamento moderno: a crença na viabilidade contratual de um governo ou governança mundial; e a aposta na possibilidade cosmopolita, de uma federação ou confederação de repúblicas, pacíficas, harmoniosas, e sem fronteiras ou egoísmos nacionais. Duas idéias europeias que foram concebidas num continente extremamente belicoso e competitivo, mas que foi o grande responsável pela criação e universalização do sistema de estados nacionais modernos e do próprio capitalismo. Agora os europeus estão experimentando na pele a impossibilidade real de suas utopias, ao tentarem construir um governo cosmopolita e contratual a partir de estados nacionais extremamente desiguais, ponto de vista do poder e da riqueza.
O problema grave e insanável é que a falência do “contratualismo” e do “cosmopolitismo”, deixa os europeus sem mais nenhum sonho ou utopia coletiva. Em poucas décadas, no final do século XX, eles enterraram o seu socialismo, e agora, no início do Século XXI, estão jogando na lata do lixo, o seu “cosmopolitismo liberal”. E estão deixando o resto do sistema mundial, sem a bússola do seu criador, porque o sistema seguirá em frente, mas o seu “software” europeu está perdendo energia e está se apagando.
Fonte: Outraspalavras.net
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