
CONTEÚDO DIDÁTICO: HISTÓRIA - GUERRA DO VIETNÃ
Dados do Arquivo:
País de Origem: EUAGênero: Drama/Guerra
Tempo de Duração: 116 minutos
Ano de Lançamento: 1957
Formato: RMVB
Qualidade:
Áudio: Português
Legenda: Sem Legenda
Direção: Stanley Kubrick
Elenco: Matthew Modine, Adam Baldwin, Vincent D'Onofrio, R. Lee Ermey.
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O filme de Kubrick, Nascido para Matar, mostra como o processo de desenrola, desde a preparação dos soldados à guerra em si. Na primeira parte, a recruta, existe um esvaziamento progressivo do pensamento e da individualidade, até que aconteçam duas coisas: a mecanização total da atitude e do corpo, e a selecção natural dos mais aptos para o combate. Os recrutas aprendem a viver em benefício de uma entidade abstracta, os Fuzileiros, que serve outra mais distante mas sempre presente: a Pátria. A segunda, na obra de Kubrick, está apenas subentendida. Durante o tempo de aprendizagem, os homens, que antes da chegarem ao quartel são apenas indivíduos entregues a um desejo difuso e sem objectivos, aprendem dolorosamente a pertencer a um grupo, a uma irmandade em que cada membro tem de se dispôr a sacrificar a sua vontade em prol do seu companheiro, primeiro, e da missão que lhes é imposta, em última medida, pelo Estado, depois. Neste estágio da sua aprendizagem, os recrutas aprendem a esquecer o caos que o desejo individual produz. Deste caos, nasce a ordem, uma perfeita geometria da obediência a um poder que emana de um lugar distante dos soldados. A câmara manobrada por Kubrick, na primeira parte, filma com um rigor maníaco esta regularização do indivíduo. Tudo é limpo, tudo é regulado, tudo se torna mecanizado. A parada, a apresentação das armas, a limpeza das botas, a arrumação das camaratas. O recruta Pyle (excelente Vincent D'Onofrio) é o único que resiste à aprendizagem do colectivismo. Um dos pecados capitais, a gula, é o símbolo desta resistência. Quando finalmente Pyle cede percebemos que é tarde demais. E que a submissão é demasiado verdadeira. Ele entrega-se de alma ao mecanismo repressor, e nesse passo coloca-se além de qualquer razão. É que a entrega não pode ser total. O cínico Joker (Mathew Modine) explica como se faz. Fingindo a obediência, consegue ainda salvar a réstea necessária de sanidade que lhe permite sobreviver à experiência da recruta e depois à guerra.
Este cinismo de Joker é depois transportado para a segunda parte do filme, onde a ordem programada se transforma em caos absoluto. Nada pode preparar os soldados para o que sucede numa situação de guerra, espelho distorcido da simulação recriada em casa. A destreza dos soldados nada significa quando o inimigo joga na imprevisibilidade e na improvisação de situações. Kubrick coloca-se atrás dos soldados em patrulha e consegue filmar a perfeita aleatoriedade de uma situação de combate. As regras a que os soldados se submeteram durante a recruta deixam de fazer sentido e eles têm de se socorrer novamente dos seus instintos primitivos. Depois de programados, esses instintos podem ser redirecionados e usados da maneira correcta, concorrendo para o bem comum: dos companheiros, do oficial superior, em última análise da Pátria.
Haverá diferenças entre o soldado que cumpre ordens e o bombista suicida que se sacrifica?
Este cinismo de Joker é depois transportado para a segunda parte do filme, onde a ordem programada se transforma em caos absoluto. Nada pode preparar os soldados para o que sucede numa situação de guerra, espelho distorcido da simulação recriada em casa. A destreza dos soldados nada significa quando o inimigo joga na imprevisibilidade e na improvisação de situações. Kubrick coloca-se atrás dos soldados em patrulha e consegue filmar a perfeita aleatoriedade de uma situação de combate. As regras a que os soldados se submeteram durante a recruta deixam de fazer sentido e eles têm de se socorrer novamente dos seus instintos primitivos. Depois de programados, esses instintos podem ser redirecionados e usados da maneira correcta, concorrendo para o bem comum: dos companheiros, do oficial superior, em última análise da Pátria.
Haverá diferenças entre o soldado que cumpre ordens e o bombista suicida que se sacrifica?
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ANÁLISE DO FILME
AGuerra do Vietnã, que teve início em 1959, terminou em 1975, e no final da mesma década o diretor Francis Ford Coppola realizou uma de suas grandes obras -primas, Apocalypse Now, ambientalizada neste período histórico, assim como , realizado um ano antes. Pode-se dizer que Nascido para Matar veio um pouco tarde. Veio até mesmo, depois de Platoon, que trouxe grande repercursão na época. Kubrick então, resolveu não fazer apenas mais um filme com cenas de ação e tiroteiro, e trouxe mais uma faceta do mundo dos soldados de Infantaria do exército americano, debatendo sobre o horror e as conseqüências psicológicas causadas pela Guerra.
Quem assistiu Apocalypse Now ou os outros filmes citados, não vá pensando que ao assistir Nascido para Matar encontrará as mesma tomadas de ação alucinante, até porque isso é o que menos importa no filme. Claro que, Kubrick não abriu mão das cenas de ação, até porque, são exatamente em algumas delas que o diretor traz as suas polêmicas, e que por sinal não comprometem o filme em nada, afinal, é um filme de Kubrick, e as cenas de ação além de deixar o espectador ansioso, o faz pensar. E é essa toda a importância do filme. Um exemplo disso, é o início da projeção até mais ou menos seus 30 minutos. Se Kubrick terminasse o filme ali, como uma média ou um curta-metragem, não ficaria devendo nada, até porque são os melhores momentos do filme.
Nessa parte do filme, está o melhor estudo de personagem em meio a Guerra que o cinema já viu. Kubrick Começa o filme mostrando como a "carreira" dentro do exército começa. Um bando de jovens sem a menor noção de onde estão ou o que estão fazendo, acabaram de se alistar no Exército Americano. O título original do filme, Full metal jacket, que seria o nome de uma munição revestida por chumbo usada na Guerra, foi felizmente trocado pelo título Nascido para Matar, que traz exatamente o que o diretor queria dizer. Dessa vez eles acertaram. Uma das coisas mais legais é que o diretor não usou atores conhecidos. Praticamente todo o elenco é novato, e conseguiram dar um show. Até o olhar penetrante dos vândalos de Laranja Mecânica e deJack Torrance (O Iluminado), Kubrick usou com alguns dos personagens. E desta, através deste olhar, mostrando a loucura psicológica que a Guerra pode causar.
- Entenderam, vermes?
- Sim, senhor!
- Uma porra, eu não estou ouvindo!
- Sim, senhor!
- Qual o seu nome, seu bosta?
- Soldado Brown, senhor!
O caralho, agora se chama soldado Bola-de-Neve. Gostou do nome?
- Sim, senhor!
Se tem algo que admiro no Kubkick é a sua forma descarada e sem medo, de apresentar suas críticas. E desta vez é sobre como são "fabricados" os soldados nos EUA. O filme já se inicia com a pressão psicológica pelas quais os jovens recrutas passam nas mãos do Sargento Hitman (deve ter sido uma das inspirações do Capitão Nascimento), interpretado maravilhosamente bem por R. Lee Ermey. São xingados de tudo quanto é nome, agredidos fisicamente, obrigados a passar por um rigoroso treinamento físico, são desacreditados, são treinados pra serem destemidos, e para serem os "fodões" até provarem que se tornaram máquinas de matar. Cenas estas, que se tornam até engraçadas, mas que em dado momento paramos e nos perguntamos porque estamos rindo de algo tão sério. E logo na cena final desta primeira parte, mostra toda uma conseqüência, fechando um estudo de personagem impecável que o diretor criou.
- É você, John Wayne? Sou eu?
Quem disse isso? Quem disse isso, porra? Quem é o viado chupeteiro comunista que acaba de assinar sua pena de morte? Ninguém, hein? Foi a puta da fada madrinha! Maravilha! Eu os farei treinar Até morrerem!
Até a bunda de vocês virar manteiga!
- Foi você, seu merdinha?
- Não, senhor!
Seu merdinha, você parece um verme!
Aposto que foi você!
A segunda parte do filme é mais um alívio emocional e Kubrick nos leva ao combate, com o personagem Joker, que se tornou Soldado e está trabalhando na equipe de jornalismo do Exército. E é ai que o roteiro genial de Kubkick entra em ação. Roterio esse que obteve a única indição do filme ao Oscar. A Academia odeia o diretor, só pode. Percebam os diálogos entre os soldados e as sacadas geniais de Kubrick nesta segunda parte do longa. Só pra citar um exemplo, a cena em que Joker tenta explicar para o sargento o porque tem um capacete com a frase "Burn to Kill" e no seu peito tem um broche da paz. Ele diz que representa a dualidade do homem. E é na cena final que Kubrick termina o filme deixando o mais profundo debate. Ele deixa a peteca na mão de Joker, o personagem que tanto falava sobre a dualidade do homem. De que lado ele devia estar naquele momento? Kubrick, movimenta a câmera, escondendo o broche da paz e deixando visível apenas o capacete "Burn to Kill".
Vemos que o homem tem a suas escolhas e que ninguém nasce mau ou bom. Aprendemos a ser de qualquer jeito através da sociedade. E o que a guerra significou para esses soldados, foi apenas como aprenderam a ser desumanos. Os soldados têm a opção de deixar viver ou não alguma pessoa, mas é o modo como foram "criados" que determinará a sua escolha. Kubrick não desceria tanto o nível, para criar apenas mais um filme de Guerra. Até mesmo a Disney ele provocou, quando colocou a Trilha do Clube do Mickey Mouse na cena final com as tropas marchando. Nascido para Matar é mais uma Obra-Prima da filmografia invejável do diretor.
http://www.cineplayers.com/comentario.php?id=30145
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